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Saletianos

Comentário Apologético Padre Julio Maria Lombaerdi - Domingo da Septuagésima


Evangelho São Mateus, Cap. XX, 1-16


A religião

O Evangelho narra a parábola dos trabalhadores. Um pai de família sai, em goras diferentes

a contratar trabalhadores para a sua vinha.Sai ao romper do dia, as 9, as 10 a 1 e 3 horas da tarde, e cada vez manda uns operários para a sua vinha.

Este pai de família é Deus; nós somos estes trabalhadores contratados por ele.

Deus é o grande proprietário deste mundo ; e todos nós devemos trabalhar para ele, uns mais,outros menos tempo, conforme o número de anos que a sua bondade nos concede.

Entre este pai de família e seus operários existem relações de JUSTIÇA e de CARIDADE que se chamam: RETRIBUIÇÃO.


Assim entre Deus e os homens existem também relações que se chamam: religião

São essas relações que vamos meditar hoje, para tirar delas a noção exata de religião.

A religião de fato esta essencialmente beseada sobre uma dupla espécie de aspirações:

1. As aspirações do homem.

2. As aspirações de Deus.

É o encontro destas aspirações a sua realização mútua que constitue a religião, ou laço

(religare) entre Deus e o homem.



I. As aspirações do homem


A RELIGIÃO é o encontro de Deus e do homem. Provando como temos feito, que Deus existe, é preciso admitir que entre Deus e o homem, entre o criador e a criatura, entre o pai e o filho, existem relações intimas, sagradas... e são estas relações que se chamam RELIGIÃO, termo que quer dizer: ligação.

A religião não é, como certas pessoas pensam, um código de leis, de imposições, de

exigências, não: é simplesmente a relação existente entre Deus pai, e o homem filho, entre o criador e a criatura racional.

Para compreender compreenderbem esta versade, é preciso ter uma ideia das aspirações do homem e das aspirações de Deus, pois é da união destas aspirações que brota a religião.

Vejamos qual é a grande aspiração do homem; Ela se apresenta a todo homem sensato, desde que sinceramente ele se pergunte a si mesmo:


Que é que desejo neste mundo?


É CONHECER, AMAR E POSSUIR A DEUS.

Estas três aspirações dominam a humanidade. A inteligência é a faculdade de conhecer: é uma sede sublime de luz. O homem tem apenas um vislumbre de inteligência, mas ele quer saber de tudo, e nada é capaz de satisfaze-lo. Ele quer sempre saber mais... não quer, não pode parar: ele aspira ao infinito. O infinito é o termo das aspirações di espírito humano.

Digo INFINITO, por que o homem traz em si ideias universais, eternos, imutáveis, e estes

ideais só podem ter por termo o próprio infinito. O espírito espirito do homem se move no infinito. Após a inteligência, vem o coração. Quem o conhece? É a faculdade de amar...quer

amar...procura amar...mendiga o amor, como o mendigo faminto mendiga o pão para seu

sustento, mas o coração é um abismo estranho.

Lance nele todas as alegrias do mundo, todas as belezas, todas as riquezas, todas as glorias,

todos os amores: este abismo exulta, e em vez de encher-se ele se alarga.

Este coração quer um amor infinito... Ele sobe ao infinito pela dor, pela alegria, pelo amor que jamais acaba: e isto não é da terra.

E por que o homem quer subir para conhecer e amar o infinito? Para possui-lo.

É a terceira aspiração da nossa alma: possuir o infinito... A vontade se lança, segue a

inteligência e o coração e brada (exige): -Passe o mundo, dê-me o infinito... Quero Deus.


II. As aspirações de Deus


Homem suspira por subir até Deus. E Deus não aspira descer até o homem?

Deus seria surdo a nossos clamores? Surdo as nossas preces? Sem coração e sem entranhas

de ante dos nossos sofrimentos?

Enquanto o homem sobe a Deus, por meio e através de suas fraquezas, Deus não baixaria a

nós por meio e através da sua grandeza? Deve haver necessariamente um encontro.

Notemos bem a concordância existente entre as aspirações do homem e a própria divindade.

Há em Deus tudo o que desejamos.

Nós queremos a verdade: ele é a verdade integral;

Nós queremos a beleza: ele é a beleza ideal;

Nós queremos o bem: ele é o sumo bem;

Nós queremos a vida: ele é a vida eterna;

Nós queremos a felicidade: ele é a felicidade perfeita.

Tudo o que nós queremos e que nos falta, ELE o possue. E Deus aspira comunicar-nos todos

estes bens. E não pensem que tal ideia de Deus, seja uma simples concepção do nosso espírito!Não! É uma realidade; pois as aspirações de homem correspondem sempre a uma realidade.Nós somos seres imperfeitos, limitados, passageiros. Logo existe existe um ser perfeito, ilimitado, eterno.


III. Conclusão


Os os homens tem as suas aspirações para o alto... Logo, Deus deve ter as suas inclinações

para aproximar-se do homem.

O homem tem uma inteligência para conhecer.

É Deus que deve ser o objeto primário deste conhecimento.

O homem tem coração para amar.

É Deus que deve ser o objeto primário deste amor.

O homem tem uma vontade de possuir de possuir o próprio Deus.

E Deus deve ser a felicidade dessa possessão.

Pelo fato, Deus deve aspirar a ser conhecido, a ser amado, a ser possuído.

Temos aqui a religião inteira.

Conhecer, amar e servir a Deus: é a religião, toda a religião.



Perguntam agora o que é a religião?
Respondo: é uma dupla força; uma ascendente, do homem para Deus, que coloca o homem nos braços de Deus; uma outra descendente, que lança Deus nos braços do homem.

EXEMPLOS

1. Resposta Chinês

Um missionário perguntou a um Chinês ainda pagão:

-Por que estas tu neste mundo?

-Para comer arroz, respondeu este.

Quantas pessoas civilizadas dariam mais ou menos a resposta do Chinês!

Digo mais ou menos, pois substituíram o arroz por um quitute mais suculento, ou a guloseima por qualquer outra satisfação, talvez mais mesquinha. Esqueceram-se apenas de uma coisa: é que estão nesta vida para preparar-se a outra vida... que só a religião nos faz conhecer.


2. Um banqueiro sem religião

Um rico banqueiro de poitiers havia declarado falência. Três de sues credores encontrando-se, perguntaram um ao outro qual era o seu prejuízo.

O primeiro disse: eu perco 30 contos.

O segundo: eu perco uns 40 contos.

O terceiro: eu perco 7 mil reis apenas.

Oh! E como foi isso? Pois o próprio me disse, meses atrás, que lhe devia 50 contos!

- É verdade, porém retirei o meu dinheiro.

- Alguém avisou-o então da proximidade da falência?

-Sim, o jornal "A verdade do Oeste"

- Mas como é possível que nenhum dos 10 mil assinantes do jornal encontraram ali o que vc

encontrou?

-Os outros leram, com certeza o que eu li, mas não souberam compreende-lo. Eis o fato muito simples:

No ano passado o banqueiro pronunciou um discurso, em Angers, sobre um tumúlo de um livre pensador, cheio de impiedade, dizendo que não tinha religião.

- É certo, lembro-me de tal discurso, mas que prova isso?... Pode-se ser homem honesto sem religião.

- Não o nego, mas eu não raciocinei deste modo; eu pensei simplesmente: se este homem não tem religião, não acredita em Deus nem no diabo; é muito possível que um dia ele não

acredite também na honra e na consciência... e retirei logo meu capital. Tenho notado de fato que, entre 100 que declarem falência há 95 que não tem religião.

- É certo, mas por que não nos avisou do fato? Ter-nos-ia prestado um grande serviço!

- Não poderia cometer uma tal delicadeza, aliás, vocês não me teriam acreditado, me teriam

tratado de : clerical! Agora, aprendam a seu custo que um homem sem religião é também um homem sem consciência.


3. Um adágio

Em certos países cristão o povo tem um adágio, um pouco familiar, mas muito expressivo:

Quereis ser feliz:

Um dia? Tome um terno novo;

Uma semana? Mate um porco;

Um mês? Ganhe um processo;

Um ano? Case-vos;

Toda a vida? Sede homem honesto;

Toda a eternidade? Sede um bom cristão.

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